quarta-feira, 27 de abril de 2016

Flores, Cartões, Por Pensamentos.

Ela saiu correndo de volta ao café que acabara de sair, foi o tempo apenas de chegar ao ponto de ônibus e se lembrar de que esquecera seus pensamentos, ela chamava seu caderno com tudo o que escrevia de pensamentos. Nele contém desde pensamentos sórdidos e sombrios, até poesias de amor, ou apenas ideias irrelevantes ou relevantes. Bom, aquele caderno era ela.


Imagino o quanto o coração da garota pulou pela boca quando se tocou do quão importante era o objeto que esquecera. Chegara a porta, empurrou-a, nesse momento sinos tocavam, trombou com o moço que estava saindo do café, pediu desculpa, logo já olhou ao redor e nem sinal de seus pensamentos, poderia jurar que estava ali, estava na mesa próxima a porta, a mesa não esta ocupada.

Droga! O pensamento se perdeu em seu ser no decorrer do dia. Chegara a sua casa cansada, tentando descobrir que, talvez por um milagre, esquecera em casa. Mas não! Tomou um banho relaxante, tomou uma sopa, começara a fazer frio, agradeceu, rezou, ligou a TV assistiu um pouco de qualquer coisa, não importa o que passava; não a interessava.

Era sábado, seu segundo dia preferido na semana, acordou cedo fez suas tarefas, e a campainha tocou, não era comum. Quem usa campainha hoje em dia? Abriu, era um entregador, faziam se, sei lá, desde sempre, nunca recebera nada pelo correio, a não ser que ela mesma tivesse comprado. Eram belíssimas flores vermelhas, tulipas, e havia um cartão: “Assim como em para sempre, te entrego essas tulipas para lhe dizer que o meu amor durará o mesmo”. Alguém estava com seus pensamentos e estava lhe enviando pistas.

Duvidas e mais duvidas percorriam, mas o que ela poderia fazer? Eram apenas mais um caderno. Romântico? Sim, definitivamente; Mas o que se pode fazer em uma situação como essa? Ela usou todas as suas redes sociais, anunciou. Procurou o jornal da cidade e mandou um e-mail. Comunicou-se com amigos. Voltou novamente ao café buscou informações, pediu que verificassem. Ela frequentava o café com certa frequência, já sabiam o seu nome, e iriam ajudar se soubessem de algo, mas nada aconteceu.

O final de semana se passou mais flores e cartões foram entregues. Acordou cedo foi trabalhar, talvez seja o destino ou não, mas o rapaz que trombara com ela estava no mesmo trabalho, anunciaram que ele seria seu novo chefe. Antes do horário de almoço agora apenas um cartão em sua mesa, ela o abriu: “talvez você precise de seu caderno, te faço uma proposta indecorosa, espero-te na mesma mesa onde estava seu caderno quando o esqueceu, no mesmo horário que você vai ao café, estarei com flores, até amanha de manha”.

Acordara mais cedo que o normal, fez seu ritual rotineiro, e saiu em busca da única coisa que a confortava em todos os seus momentos. Abriu a porta do café, ao ver todas aquelas flores, se surpreendeu, parecia que tinha acabado de entrar em uma floricultura e não em uma cafeteria. Ele estava lá sozinho em cima da mesa, como se nunca o tivesse esquecido, não se questionou sobre quem o possuía, ou a qualquer um, o importante é que ele voltara e esperava estar completo e inteiro. Abriu o pequenino caderno, respirou fundo, ele parecia inteiro e completo exceto pelo fato, que em sua ultima folha havia um recado.

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