Ela saiu correndo de volta ao
café que acabara de sair, foi o tempo apenas de chegar ao ponto de ônibus e se lembrar
de que esquecera seus pensamentos, ela chamava seu caderno com tudo o que
escrevia de pensamentos. Nele contém desde pensamentos sórdidos e sombrios, até
poesias de amor, ou apenas ideias irrelevantes ou relevantes. Bom, aquele
caderno era ela.
Imagino o quanto o coração da
garota pulou pela boca quando se tocou do quão importante era o objeto que
esquecera. Chegara a porta, empurrou-a, nesse momento sinos tocavam, trombou
com o moço que estava saindo do café, pediu desculpa, logo já olhou ao redor e
nem sinal de seus pensamentos, poderia jurar que estava ali, estava na mesa próxima
a porta, a mesa não esta ocupada.
Droga! O pensamento se perdeu em
seu ser no decorrer do dia. Chegara a sua casa cansada, tentando descobrir que,
talvez por um milagre, esquecera em casa. Mas não! Tomou um banho relaxante,
tomou uma sopa, começara a fazer frio, agradeceu, rezou, ligou a TV assistiu um
pouco de qualquer coisa, não importa o que passava; não a interessava.
Era sábado, seu segundo dia
preferido na semana, acordou cedo fez suas tarefas, e a campainha tocou, não
era comum. Quem usa campainha hoje em dia? Abriu, era um entregador, faziam se,
sei lá, desde sempre, nunca recebera nada pelo correio, a não ser que ela mesma
tivesse comprado. Eram belíssimas flores vermelhas, tulipas, e havia um cartão:
“Assim como em para sempre, te entrego essas tulipas para lhe dizer que o meu
amor durará o mesmo”. Alguém estava com seus pensamentos e estava lhe enviando
pistas.
Duvidas e mais duvidas
percorriam, mas o que ela poderia fazer? Eram apenas mais um caderno. Romântico?
Sim, definitivamente; Mas o que se pode fazer em uma situação como essa? Ela
usou todas as suas redes sociais, anunciou. Procurou o jornal da cidade e
mandou um e-mail. Comunicou-se com amigos. Voltou novamente ao café buscou
informações, pediu que verificassem. Ela frequentava o café com certa frequência,
já sabiam o seu nome, e iriam ajudar se soubessem de algo, mas nada aconteceu.
O final de semana se passou mais
flores e cartões foram entregues. Acordou cedo foi trabalhar, talvez seja o
destino ou não, mas o rapaz que trombara com ela estava no mesmo trabalho,
anunciaram que ele seria seu novo chefe. Antes do horário de almoço agora
apenas um cartão em sua mesa, ela o abriu: “talvez você precise de seu caderno,
te faço uma proposta indecorosa, espero-te na mesma mesa onde estava seu
caderno quando o esqueceu, no mesmo horário que você vai ao café, estarei com
flores, até amanha de manha”.
Acordara mais cedo que o normal,
fez seu ritual rotineiro, e saiu em busca da única coisa que a confortava em
todos os seus momentos. Abriu a porta do café, ao ver todas aquelas flores, se
surpreendeu, parecia que tinha acabado de entrar em uma floricultura e não em
uma cafeteria. Ele estava lá sozinho em cima da mesa, como se nunca o tivesse
esquecido, não se questionou sobre quem o possuía, ou a qualquer um, o
importante é que ele voltara e esperava estar completo e inteiro. Abriu o
pequenino caderno, respirou fundo, ele parecia inteiro e completo exceto pelo
fato, que em sua ultima folha havia um recado.